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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Polícia Operação ´Corumbatu´: Justiça mantém ´chefões´ do tráfico de drogas na cadeia

Acusados de chefiar uma organização criminosa internacional no Ceará, cinco integrantes do bando estão sendo mantidos presos por ordem judicial

Políticos, pistoleiro, comerciantes, estrangeiros e agiotas. Esses são alguns integrantes de uma organização internacional de traficantes de drogas investigados pela Polícia Federal. A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos que revelam detalhes de como a quadrilha de narcotraficantes atuava há, pelo menos, seis anos no Estado do Ceará.



Segundo as investigações da PF e do Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro do tráfico de cocaína pode ter sido usado para financiar campanhas políticas e também seria ´lavado´ em negócios aparentemente legalizados. Das 20 pessoas acusadas de envolvimento com o grupo e detidas em setembro último na operação Corumbatu´ deflagrada pela PF e o MPF, 15 delas permanecem na prisão.

Os cinco principais acusados de serem os chefes da organização ainda estão presos por ordem do juiz Danilo Fontenele Sampaio, titular da 11ª Vara Federal e permanecerão na cadeia, enquanto a atuação da quadrilha continua sendo alvo de investigação dos agentes federais.

O juiz Danilo Fontenele ressaltou na decisão "que ainda se encontra pendente a realização de diligências que podem ser prejudicadas ou impossibilitadas como a colocação dos postulantes em liberdade". De acordo com o magistrado, "é necessária a imposição cautelar pessoal aos investigados para garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da Lei Penal".

A quadrilha é formada por um pistoleiro, políticos, comerciantes, estrangeiros e agiotas. Por meio de interceptações telefônicas e quebra de sigilos bancários e fiscal autorizados pela Justiça, a PF desvendou a trama criminosa praticada no Estado desde 2006 e chefiada no Ceará, de acordo com as investigações federais, por Ezivan Gonçalves dos Santos, 47, suplente de vereador recém-eleito em Cariús com cerca de 500 votos.

Além de Ezivan, o pistoleiro Francisco de Assis Mendes Barbosa, o ´Pantico´, 40; condenado pela morte do então prefeito de Acaraú João Jaime; Wagney Alcântara de Oliveira, o ´Vaqueiro´, 33; o colombiano Carlos Eduardo Olaya Herrera, 38; e o boliviano Alcides de Jesus Obando Obando, 43, também seriam integrantes da quadrilha internacional de traficantes. Ezivan, então candidato a vereador, a mulher dele, que era candidata a prefeita e outros sete suspeitos de fazer parte da organização criminosa foram detidos em Cariús. Os estrangeiros foram capturados em um apartamento no bairro Meireles.

Wagney Oliveira, apontado pelos federais como "soldado operacional" de Ezivan Gonçalves em Fortaleza, acabou detido na casa dele, no Bairro Henrique Jorge. Na casa de Wagney, em Fortaleza, os ´federais´ encontraram uma prensa hidráulica utilizada na fabricação de crack, cerca de dois quilos de cocaína, e dinheiro espalhado em vários cômodos da casa, além de anotações sobre a forma como a quadrilha atuava.

Em depoimento na PF, Wagney Oliveira confirmou que Ezivan tinha ido em sua casa apanhar dinheiro oriundo da venda de entorpecentes mais de uma vez. O ´soldado´ do vereador, confessou ainda que o chefe do tráfico no Estado, possuía uma dívida de R$ 250 mil com os bolivianos referentes a carregamentos de cocaína. Segundo a PF, anotações apreendidas durante a investigação indicam que a quadrilha movimentou cerca de R$ 700 mil em alguns meses. No dia nove de agosto deste ano, outro membro da quadrilha, identificado como Francisco Helder Victor Lemos, também foi capturado em Fortaleza. Com ele foram apreendidos nove quilos de cocaína na tampa traseira de um veículo Saveiro.

´Dom Papito´

A documentação que a reportagem teve acesso revela ainda que os dois estrangeiros presos seriam "funcionários" do fornecedor de drogas boliviano, identificado na apuração da PF como ´Dom Papito´ ou ´Titio´.

De acordo com as investigações, Ezivan Gonçalves e o intermediário boliviano Alcides Obando se encontraram no dia 29 de agosto deste ano, em uma pizzaria localizada no cruzamento das ruas Barão de Aracati com Torquato Aguiar, na Praia de Iracema, para negociar a entrega de cocaína. O vereador também teria encontrado com outros estrangeiros da organização criminosa, em um hotel em Cuiabá, capital do Mato Grosso.

Defesa

O advogado Michel Coutinho, que representa Ezivan Gonçalves e outros acusados, disse que em um novo depoimento, Wagney negou as acusações feitas contra Ezivan. Coutinho afirmou ainda que o cliente dele está sendo vítima de perseguição política e que aguardará a conclusão do inquérito para ingressar com pedido de liberdade junto à Justiça Federal.

PROTAGONISTA
PF afirma que vereador chefia o bando no Ceará
Segundo as investigações da Polícia Federal, Ezivan Gonçalves dos Santos, 47, chefia uma organização internacional de tráfico de cocaína, no Ceará. Parte do dinheiro obtido com a venda da droga teria sido usada na campanha política do acusado. Ezivan nega as acusações e afirma que, atualmente, é comerciante do ramo de material de construção

Ezivan Gonçalves dos santos
Suplente de vereador


NÚMERO

700 mil reais seria a soma de dinheiro que a quadrilha de traficantes teria movimentado em alguns meses com a venda de cocaína na Capital e no Interior do Estado

EMERSON RODRIGUESREPÓRTER

Materia Publica em:   http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1200272

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