Acusados do desvio de R$ 3,1 milhões, o gestor e mais sete pessoas tiveram a
preventiva decretada pela Justiça
O Tribunal de Justiça do Estado decretou, ontem, a prisão
do ex-deputado estadual e atual prefeito do Município de Ipu (294Km de
Fortaleza), Henrique Sávio Pontes. Até a noite passada ele permanecia foragido.
Também foi determinado o afastamento de Pontes da chefia do Executivo, além de
terem sido quebrados os sigilos bancário e fiscal do político. A Polícia Civil
faz buscas na Região de Tianguá em busca de localizar o gestor.
Além de
Sávio Pontes, também tiveram a prisão preventiva decretada as seguintes pessoas,
Sérgio Barbosa de Souza (coordenador de Habitação da Secretaria das Cidades do
Estado), Roberto Eufrásio de Alencar (servidor da Prefeitura de Ipu), Tácito
Guimarães de Carvalho (engenheiro), Francisco Eduardo Farias de Sousa
(servidor), Fábio Castelo Branco Pontes de Araújo (coordenador administrativo
financeiro da Prefeitura e integrante do Núcleo da Secretaria de Cidades),
Marcelino Cordeiro Maia (empresário), e Eucélio Guimarães Fernandes Mesquita
(presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura do Ipu).
Até o começo
da noite de ontem, das oito pessoas que tiveram a prisão decretada, apenas três
já estavam recolhidas na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap). São elas,
Sérgio Barbosa de Sousa, Tácito Guimarães de Carvalho e Fábio Castelo Branco
Pontes de Araújo. As demais continuavam sendo procuradas na Capital e no
Interior.
Rombo
Segundo o Tribunal de Justiça do
Estado, as prisões foram decretadas pelo desembargador Francisco Darival Beserra
Primo. O prefeito, agora afastado, e os demais implicados, seriam responsáveis
pelo desvio de aproximadamente R$ 3 milhões de verbas públicas, através de um
esquema de corrupção, que inclui crimes de formação de quadrilha, peculato,
fraude em licitações, ´lavagem´ de dinheiro, desvio ou aplicação indevida de
recursos públicos, fraude documental, estelionato e outros delitos contra a
administração pública. O caso vem sendo investigado pelo Ministério Público
Estadual (MPE), através da sua procuradoria de Combate aos Crimes Contra a
Administração Pública (Procap), com o apoio da Polícia Civil do Ceará.
O
prefeito do Ipu foi denunciado pelo MPE após uma investigação que teria
comprovado o desvio do dinheiro público a partir de 2009, quando Sávio Pontes
teria assinado dois convênios com o então secretário adjunto da Secretaria de
Cidades do Governo do Estado, Jurandir Vieira Santiago, atual presidente do
Banco do Nordeste (BNB), para a construção de 2.108 ´módulos sanitários´
(banheiros), ao custo exato de R$ 3.159.976,32.
Ainda conforme a denúncia
do MP, entre Prefeitura e a Secretaria de Cidades ficou acertado que a liberação
do dinheiro público seria feita paulatinamente, à medida que os banheiros fossem
sendo construídos. Foi, então, elaborado, na época, um cronograma de obras.
Contudo, o prefeito obteve o dinheiro sem ter construído um só
banheiro.
Sofrimento
Nos autos do processo,
consta que, "as obras pretendidas não foram realizadas nos termos pactuados, de
forma que os cidadãos locais (de Ipu) continuam a padecer das mesmas severas e
sofridas contingências que o Município e seus contratados particulares
prometeram em expiação a um dos mais elementares direitos do ser humano, qual
sejam, de possuir meras unidades sanitárias em seus lares", diz o desembargador
em sua decisão ao julgar o caso na última terça-feira
(12)
Afastamento
O desembargador também
determinou que os servidores Roberto Eufrásio de Alencar, Eucélio Fernandes
Mesquita, Francisco Eduardo Farias de Sousa e Fábio Castelo Branco Ponte de
Araújo fossem, além de presos, afastados das funções
públicas.
Processar
No mesmo despacho, Darival
Beserra Primo intimou o procurador geral de Justiça, Alfredo Ricardo de Holanda
Machado, que se pronuncie acerca da possibilidade de inclusão no processo do
ex-secretário adjunto de Cidades do Estado, e atual presidente do BNB, Jurandir
Vieira Santiago. A reportagem tentou , durante todo o dia, contato com as
pessoas citadas nas investigações e que tiveram prisão decretada, mas não houve
retorno.
FERNANDO RIBEIROEDITOR DE POLÍCIA
Diario do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário