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sábado, 15 de setembro de 2012

ICÓ - CE: Trânsito municipalizado tem fiscalização precária

Falta de capacete e transporte de crianças sobre duas rodas estão entre as irregularidades nas ruas do Interior
Icó No Ceará, 52 cidades têm o sistema de trânsito municipalizado, mas o serviço só funciona efetivamente em cerca de dez delas. Na maioria dos centros urbanos do Interior, não há fiscalização e o uso de motos e de carros é livre por adolescentes e condutores não habilitados. Os gestores municipais temem o desgaste político se houver real fiscalização, aplicação de multas e apreensão de veículos.

Em Icó, as infrações são constantes, principalmente entre os motociclistas Fotos: Honório Barbosa

A estimativa de que somente há serviço de trânsito municipalizado com efetividade em dez Municípios no Ceará foi apresentada pelo coronel Túlio Studart, comandante da Polícia Rodoviária do Estado (PRE), na abertura do Fórum de Trânsito, realizado em Fortaleza.

Um exemplo em que o trânsito é municipalizado, mas não há fiscalização, é nesta cidade, localizada na região Centro-Sul. Em Icó, a liberação é geral. Condutores e passageiros não usam capacetes e transportam crianças de colo com a maior naturalidade.

O risco de acidente é evidente e assusta os visitantes que chegam a este centro urbano. Na cidade, quase nenhum condutor de veículo respeita a sinalização. Na prática, os semáforos instalados só servem de decoração.

O diretor do Centro de Operação de Trânsito (Cotran), Francisco Barbosa, anunciou que, a partir de novembro próximo, haverá fiscalização e multa para quem desrespeitar as normas de trânsito. "Vamos fazer 15 dias de campanha educativa e, depois, vamos impor uma rigorosa fiscalização, pois o brasileiro só obedece a legislação quando sente o peso no bolso".

No ano passado, o Cotran anunciou, após um período de campanha educativa, o início da fiscalização e aplicação de multa. "Lavramos cerca de 500 multas, mas perdemos porque ainda não tínhamos convênio com os Correios e os bancos para a entrega e pagamento das infrações", explicou. "Estamos resolvendo esse problema burocrático e legal. Esperamos que, a partir de novembro, nós iremos atuar pra valer", disse.

Barbosa mostra-se preocupado com o número de acidentes e o desrespeito às normas de trânsito. "Para inibir, é preciso colocar ordem e multar, após um período de campanha educativa", disse. "Todos os dias ocorrem acidentes na região com vítimas fatais ou com feridos graves, com traumas".

Na regional de Saúde de Iguatu, o acidente de trânsito é a segunda causa de óbito, perdendo apenas para as doenças do aparelho circulatório (AVC e ataques cardíacos). Os números são crescentes nos últimos três anos. Em Iguatu, por exemplo, em 2010, foram registrados 32 óbitos, e 35 em 2011. De janeiro a julho deste ano, já são 20 mortes. Cerca de um terço envolve motocicletas.

O Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) em Iguatu não dispõe de estatística atualizada sobre o número de motos e de carros registrados no Detran, em Iguatu. Só mototaxistas são mais de 500 veículos cadastrados. O número de motos cresce a cada mês em face da facilidade de financiamento e preço reduzido do veículo. O médico Sandro Oliveira, que atende no setor de traumatologia do Hospital Regional de Iguatu, disse que já perdeu a conta dos casos de acidentes envolvendo motocicletas. "Nos fins de semana é demais, mas os casos ocorrem praticamente todos os dias".

Além de Fortaleza, o serviço municipalizado de trânsito tem fiscalização nas cidades de Iguatu, Juazeiro do Norte, Crato, Sobral, Maracanaú, Caucaia, Maranguape, Várzea Alegre, Canindé e Santa Quitéria.

Estatísticas de acidentes preocupam autoridades
Icó O número de acidentes de trânsito em cidades do Interior segue a curva ascendente no Estado e no Brasil. Em 2011, no Ceará, foram registradas 2091 mortes, sendo que 36% estão relacionadas com motos, condutores ou passageiros. As estatísticas preocupam as autoridades. Todos os dias, centenas de pessoas sofrem sequelas graves, traumatismos, decorrentes de sinistros com motocicletas.

No Centro-Sul, a motocicleta transporta famílias inteiras. Em caso de acidentes, o número de vítimas é maior. O Detran registra aumento das infrações

Os casos que não resultam em óbito, mas deixam traumas, também preocupam e são crescentes. No Estado do Ceará, em 2011, foram registrados, nas estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), 5.605 acidentes de trânsito envolvendo motociclistas.

O excesso de velocidade, o desrespeito à legislação, a ingestão de bebida alcoólica e a falta de uso de capacete são as principais causas de morte por acidente com veículos automotores. A maioria das vítimas é jovem entre 15 e 30 anos. O custo diário de um paciente internado em um hospital é estimado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) em R$ 1.500,00.

Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade da Sesa, o acidente com trânsito é a terceira causa de morte no Estado, atrás apenas das doenças do aparelho circulatório e neoplasias (câncer). "Precisamos inverter essa curva, pois a violência no trânsito é uma verdadeira epidemia", disse o secretário de Saúde, Arruda Bastos, por ocasião da abertura do Fórum de Trânsito, na última segunda-feira, dia 11, em Fortaleza.

Segundo o Ministério da Saúde, os brasileiros estão morrendo mais em acidentes com transporte terrestre, principalmente, quando o veiculo é motocicleta. Dados de 2010, do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), mostram que 40.610 pessoas foram vítimas fatais, sendo que 25% delas em acidentes com motocicletas. Em nove anos, de 2002 a 2010, o número total de óbitos em acidentes com motos quase triplicou no País, crescendo de 3.744 para 10.143.

No Ceará, entre 2002 e 2010, o aumento de óbitos em acidentes de trânsito foi de 30,9%. Pulou de 1.501 mortes em 2002 para 1.965 em 2010 e em 2011, 2.091. "São dados preocupantes. Precisamos inverter essa curva pois, mesmo com aumento no número de hospitais e de Unidades de Pronto Atendimento (UPA), as emergências vão permanecer superlotadas", observou Arruda Bastos.

O número de motos que circulam nas ruas das cidades e nas estradas no Interior aumenta a cada dia em decorrência da facilidade de financiamento para compra desses veículos novos e usados. O vai-e-vem das motocicletas é constante mesmo nos pequenos centros urbanos.

Nos Municípios da região Centro-Sul, é comum cena de uma família, pai, esposa e filhos menores, trafegando de moto nas ruas das cidades ou mesmo em rodovias estaduais e vicinais, sem capacete. Em caso de acidentes, o número de vítimas é maior.

O Detran realiza as fiscalizações com regularidade nos Municípios do Interior, nas rodovias estaduais e nos próprios centros urbanos. As estatísticas do órgão mostram que, de janeiro a maio deste ano, foram realizadas 3.379 blitze, com registro de 51.712 infrações. No ano passado, foram criadas 3.726 barreiras de fiscalização e aplicadas 39.131 multas.

Mais informações:

Centro de Operação de Trânsito de Icó (Cotran), (88) 3561. 1225
Secretaria de Saúde do Estado
Fortaleza (Sesa)
(85) 3101. 5196

Atuação

52 cidades têm o sistema de trânsito municipalizado, mas o serviço só funciona efetivamente em cerca de dez cidades, com órgãos específicos para o setor


HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER
Materia publicada em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1181335

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