Geniglei dos Santos havia sido condenada a 160 anos de cadeia por ´lavagem´.
Agora, a pena diminuiu para 15 anos
Quase sete anos depois do registro do maior furto a banco
da história brasileira, com o ´sumiço´ de R$ 164, 7 milhões da caixa forte do
Banco Central, em Fortaleza, a Justiça Federal decide agora reformar a sentença
que condenou cinco acusados de envolvimento na ´lavagem´ do dinheiro furtado.
Entre os réus atingidos pela medida, Geniglei Alves dos Santos, irmã do
assaltante Jussivan Alves dos Santos, o ´Alemão´, apontado como o chefe da
quadrilha que praticou o crime milionário.
O Diário do Nordeste teve
acesso exclusivo, ontem, à decisão tomada pela Justiça Federal, através do
Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife, que modificou a sentença.
Geniglei Alves dos Santos, que antes fora condenada a 160 anos e quatro meses de
prisão, teve a pena reduzida para 15
anos.
´Lavagem´
A redução da pena atinge também
os réus identificados como Deodato Oliveira Bezerra, Rita Barbosa da Silva,
Francisco Epifânio Neto e Francisca Eliziana Fernandes da Silva.
Segundo
as investigações da Polícia Federal, o grupo teria sido o responsável pela
´lavagem´ da cota dos R$ 164,7 milhões que coube a ´Alemão´. Geniglei dos
Santos, conforme consta nos autos do volumoso processo do ´Caso BC´, teria
recebido do irmão a missão de adquirir imóveis, veículos e outros bens para
´lavar´ o dinheiro fruto do maior ataque a banco no País.
A irmã de
´Alemão´ acabou sendo presa com os demais envolvidos durante uma operação da PF
desencadeada em Boa Viagem (CE), em abril de 2008.
O recurso que
possibilitou a drástica redução da pena condenatória da irmã do chefe do bando
foi impetrado junto ao TRF- 5ª Região pela advogada cearense Erbênia Rodrigues.
O julgamento teve como relator o desembargador federal Francisco Barros
Dias.
No primeiro julgamento, na 11ª Vara da Justiça Federal no
Ceará, o juiz Danilo Fontenele havia condenado a irmã de ´Alemão´ a 160 anos de
cadeia, além do pagamento de 5.100 dias-multa, sendo cada dia fixado em três
salários mínimos. O magistrado ´dosou´ a pena considerando que a acusada havia
praticado os crimes de ´lavagem´ de dinheiro (153 anos e quatro meses), formação
de quadrilha (dois anos) e furto qualificado (cinco anos). No entanto, a defesa
recorreu.
Vitória
Depois de uma demorada e
profunda análise da apelação, o TRF decidiu diminuir a pena pelo crime de
´lavagem´ de 153 para oito anos de reclusão, somados a mais cinco pelo furto
qualificado e mais dois pela formação de quadrilha ou bando, deixando-a
definitiva em 15 anos. A multa foi mantida.
"Foi uma vitória da defesa,
uma redução de 145 anos", comemorou Erbênia Rodrigues. Segundo ela, o passo
seguinte será requisitar das autoridades a documentação necessária para que ela
ingresse com pedido de progressão de regime em favor da acusada, que poderá ser
solta nos próximos meses.
Geniglei está presa no Ceará, recolhida no
Presídio Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, em Aquiraz.
Já o irmão
dela foi transferido pela terceira vez do Ceará. No dia 22 de março último,
´Alemão´ foi levado para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Porto Velho,
numa operação sigilosa da PF em conjunto com o Batalhão de Choque da
PM.
Condenado
´Alemão´ foi
condenado a 49 anos de prisão por sua participação no furto milionário ao Banco
Central. Passou quase dois anos foragido, até ser capturado, em Brasília, em
fevereiro de 2008.
Trazido para Fortaleza, ele confessou participação no
crime, mas negou ser o chefe da quadrilha e disse ter ficado com "apenas" R$ 5
milhões.
O furto ocorreu entre os dias 5 e 6 de agosto de 2005, mas só
foi descoberto no dia 8, uma segunda-feira, quando os funcionários do BC
chegaram para dar início ao
expediente.
Grama
Para chegar à casa forte do BC,
a quadrilha cavou um túnel de 80 metros de extensão - durante quase seis meses -
que partia de uma casa alugada, localizada na Rua 25 de Março. O local abrigou o
bando sob a fachada de uma empresa de venda de grama sintética.
Um primo
de ´Alemão´, Rogério Machado de Morais, o ´Rogério Bocão´, também condenado a 49
anos de prisão por envolvimento no caso, foi resgatado do IPPOO II em fevereiro
de 2011.
FERNANDO RIBEIRO EDITOR DE POLÍCIA
Diário do Nordeste
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