POLÍCIA: Mentor de chacina poderá cursar faculdade

Homem condenado por planejar a execução de seis empresários portugueses na Capital, em 2001, pode ser autorizado a cursar Geografia na UFC. Pedido está sendo analisado pela Justiça

O autor da chacina dos portugueses - como ficou conhecido o caso em que seis empresários lusitanos foram enterrados vivos em uma barraca na Praia do Futuro, em 2001, na Capital - pode ganhar o direito de cursar uma faculdade. Em julho deste ano, Luiz Miguel Militão Guerreiro, condenado a 150 anos de prisão por comandar o crime, foi aprovado para cursar Geografia na Universidade Federal do Ceará (UFC).

O pedido está sendo analisado pelo titular da 1ª Vara de Execução Criminal do Fórum Clóvis Beviláqua, juiz Luís Bessa Neto. “A solicitação foi encaminhada pela direção prisional e nós estamos apreciando”, disse o magistrado, ao adiantar que o caso é “especial”, devido à comoção nacional que o crime causou.

Contudo, o juiz sinalizou para a aprovação do pedido, desde que o deslocamento de Miguel Militão entre o presídio e a faculdade seja feito mediante escolta da Polícia Militar. “Se o pedido for deferido, e tudo indica que será, deve ser mediante escolta policial. O direito dele será assegurado no mesmo compasso. Mas ainda não há decisão.”

A chacina
Conforme O POVO publicou na ocasião do crime, Miguel Militão foi quem recebeu os seis empresários no aeroporto, no dia 11 de agosto de 2011, e os conduziu, em seguida, para a barraca de praia onde os portugueses foram espancados e enterrados vivos. O crime contou com a participação de outras quatro pessoas, também condenadas. A forma cruel como eles executaram as vítimas repercutiu internacionalmente.

“Foi um ato gravíssimo. Neste caso, ainda estamos decidindo. Os direitos dele serão assegurados, mas com cautela. O juiz de execução penal trabalha pelo direito do preso e da sociedade”, disse Bessa Neto.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

Condenado a 150 anos de detenção por comandar a chacina dos seis empresários portugueses, Miguel Militão foi aprovado no curso de Geografia da UFC. Ele depende agora de uma decisão judicial para frequenta as aulas. O caso está sendo analisado pela Vara de Execução Criminal.

Para entender

Conforme O POVO publicou no dia 25 de agosto de 2001, os corpos dos portugueses foram encontrados numa cova coletiva, cavada dentro da cozinha da barraca Vela Latina, na Praia do Futuro.

As vítimas foram os empresários: Joaquim Silva Mendes, 52; Antônio Correia Rodrigues; Vitor Manuel Martins, 53; Joaquim Fernandes Martins, 57; Joaquim Manuel Pestana da Costa, 49; e Manoel Joaquim Barros, 55. Miguel Militão foi condenado a 150 anos de prisão.

Também no Ceará, a detenta Cynthia Corvello foi autorizada pela Justiça do Estado a cursar História na Universidade Federal do Ceará no início do ano. A autorização da Justiça foi inédita no Estado e abriu precedentes para novos casos.


>> Matéria publicda no jornal O Povo no dia 23.08.2012