Usuários do Instituto de Saúde dos Servidores do Estado do Ceará (Issec) - que presta atendimento de saúde aos servidores públicos estaduais - denunciam que o atendimento está cada vez mais restrito. Número de consultas e exames limitados por mês, redução do número de hospitais cadastrados e cobrança de serviços, como anestesistas, são algumas das queixas dos usuários. Conforme dados do Portal da Transparência do governo, o valor a ser destinado para o Issec em 2012 é de R$ 98,1 milhões FOTO: NATINHO RODRIGUES
A aposentada Lúcia Gonçalves de Sousa, 81 anos, fez uma cirurgia angiovascular no mês passado e teve de pagar R$ 840,00 pelo anestesista. Na ocasião, foi informada que seria ressarcida. Contudo, ontem, ao chegar na sede do Issec recebeu a notícia de que não teria o seu dinheiro de volta. "O ganho do aposentado já é pouco e, mesmo sem condições, ainda temos que pagar por fora. Deveria ser de graça, a gente contribuiu por tanto tempo", critica. Sem ter a quantia para pagar o anestesista, a solução que lhe restou foi fazer um empréstimo no banco.
Reclamações
A dona de casa Suely Melo, 46 anos, dependente do marido no Issec, também lamenta as restrições no atendimento. Seu filho, de 13 anos, toma medicamentos para distúrbios de atenção, mas a médica só fornece a receita após a realização de exames. O problema é que, com as limitações, enquanto todos os exames não são realizados, o garoto fica sem tomar o remédio.
Outra queixa que faz é em relação à redução no número de hospitais cadastrados, à limitação no atendimento de emergência e à cobrança pela realização de exames. Quando seu filho tem crises asmáticas, ele fica sem ser atendido. Sem falar que, se precisar de oxigênio ou de teste glicêmico, ela tem que pagar pelo serviço. "O único exame que o Issec cobre na emergência é o hemograma", afirma.
O servidor público estadual João Bosco, 44 anos, denuncia que falta investimento por parte do governo do Estado para melhorar o atendimento e a infraestrutura do Issec. Prova disso, complementa, é que o Hospital da Polícia Militar (PM) foi fechado, mas a verba destinada para o Instituto não aumentou.
"O Issec ainda funciona porque grande parte dos servidores públicos estaduais pagam um plano de saúde particular, mas se todos dependessem do instituto ele não daria conta. Falta vontade política. O Issec é uma esmola que o governo dá para os servidores", considera Bosco.
Em nota publicada no dia 29 de junho no site do Issec, o órgão esclarece que, por questões administrativas, os atendimentos de urgência, emergência e internamento estão temporariamente suspensos nos hospitais São Raimundo e Leiria de Andrade. O órgão explica que os contratos de credenciamento mantidos com os profissionais e entidades na área de saúde para a prestação de serviços de saúde aos servidores públicos estaduais têm vigência de cinco anos. E, para não haver a descontinuidade da prestação de serviços, em fevereiro deste ano, foi lançado o Edital de Credenciamento, prorrogado até o dia 31 de outubro. O intuito é receber inscrições de profissionais e entidades na área de saúde da Capital e do Interior.
Anestesistas
No caso da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Estado do Ceará (Coopanest), o instituto alega que houve uma manifestação oficial da categoria em não manter o contrato. Explica ainda que o desconto feito no extrato de pagamento do servidor público do Estado destina-se integralmente a assegurar a aposentadoria do servidor, e que o programa de assistência à saúde "é um benefício, sem custo ou desconto".
De acordo com informações do Portal da Transparência do governo do Estado, o valor programado a ser destinado para o Issec em 2012 é de R$ 98,1 milhões. Desse montante, foi utilizado R$ 46,7 milhões.
>> Matéria publicada no jornal Diário do Nordeste no dia 30.08.2012
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