Somente este ano (até 30 de abril), 1.095
pessoas foram assassinadas no Ceará, 217 a mais do que no mesmo período do ano
passado. Não houve um único dia de 2012 sem homicídios no Estado
Os números lembram cenário de guerra. Entre janeiro e abril deste ano, 1.095
pessoas foram assassinadas no Ceará, uma média de nove por dia. Comparando com o
mesmo período do ano passado, quando foram registrados 878 homicídios, houve um
aumento de 24% no número de casos. Os dados são da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS).
Em Fortaleza, o percentual de aumento foi semelhante: 23%. A Capital
registrou 507 homicídios nos quatro primeiros meses de 2012 contra 409 no mesmo
período do ano passado. Os bairros com maior número de assassinatos este ano
foram Jangurussu/Conjunto Palmeiras, com 33 casos, e Barra do Ceará, com 27
ocorrências (ver quadro).
O ranking dos bairros mais violentos foi feito pelo O POVO a partir de dados
disponibilizados no site da SSPDS. A reportagem também consultou os registros
das ocorrências na Coordenadoria de Medicina Legal - o antigo IML - e constatou
que não houve um único dia de 2012 sem assassinatos no Estado. “Há pesquisadores
que denominam essa situação (número elevado de homicídios) como uma pandemia, ou
seja, um problema estrutural que foge do controle do poder público”, explica o
sociólogo Ricardo Moura, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade
Federal do Ceará (UFC).
O comandante geral da PM no Ceará, coronel Werisleik Matias, diz que o
aumento no número de homicídios é por “um problema atípico”. Ele cita que houve
um pico de assassinatos em janeiro de 2012, quando os militares estiveram em
greve. “Os números despontaram de uma maneira ruim por causa disso. Mas o ano
ainda não acabou. A gente quer terminar com redução (no índice de
homicídios)”.
Os dados divulgados pela SSPDS mostram que houve aumento no número de
assassinatos em todos os meses de 2012, tanto na Capital quanto no Estado.
“Aumentou por conta das execuções vinculadas ao tráfico de drogas”, afirma o
comandante. Ele estima que 75% dos homicídios tiveram essa motivação.
Segundo o coronel, a PM pretende investir mais no trabalho de inteligência
para tentar reduzir os homicídios. Ele também promete incrementar as equipes do
Raio (Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas) com mais 100 motos. “Vamos
intensificar o número de abordagens nas ruas”, comenta Werisleik, acrescentando
que a Polícia tem apreendido mais armas.
O diretor-adjunto da Divisão de Homicídios, Franco Pinheiro, reconhece que o
trabalho na unidade está sobrecarregado por causa do crescimento no número de
homicídios. “Agora, não basta o trabalho policial. O problema é bem mais
complexo, passa por outras medidas, como programas sociais”.
ENTENDA A NOTÍCIA
Reduzir o número de assassinatos no Ceará é um desafio para a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social, que, até então, só vinha divulgando dados
positivos sobre esse tipo de crime.
NÚMEROS
1.095
É o número de homicídios no Ceará este ano (até
abril)
507
É o número de homicídios em Fortaleza este ano (até
abril)
Fonte: O Povo - 15.05.2012
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