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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Familiares de Gonzaga esquecidos em filme

Família de Gonzagão (Foto: Reprodução)
Em meio a toda badalação em torno do centenário de Luiz Gonzaga, foi relegado a um injusto descaso um capítulo dos mais importantes da saga iniciada em 1908, quando os irmãos Januário e Pedro Anselmo, vindos do Sertão do Pajeú, chegaram ao Araripe.

Os dois conheceram as irmãs Ana e Maria, conhecidas como Santana e Baia. Em 1909, Januário casou com Santana, Pedro com Baia. Em 13 de dezembro de 1912 nasceu Luiz Gonzaga que anos mais tarde levaria os pais e os irmãos para o Rio de Janeiro.

O capítulo de que poucos lembram são os netos e bisnetos de Januário e Santana, que moram em Santa Cruz da Serra, em Caxias, Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Formam um clã com cerca de 80 pessoas, todos vizinhos. São 15 casas construídas em um terreno comprado por Luiz Gonzaga ao compositor Ataulfo Alves há 56 anos. Todos são nascidos no Estado fluminense.

As filhas e filhos dos irmãos e irmãs de Luiz Gonzaga já passaram dos 50 dos anos, alguns estão chegando aos 60. Seus descendentes também já são adultos. E mantém viva a memória dos antepassados. Ninguém conhece mais a história da família do que eles: “Tio Gonzaga vinha sempre nos visitar. Porque as irmãs moravam todas aqui. Queria visitar uma, visitava todas”, diz Ana Lídia, 58 anos, viúva, filha de Muniz (Raimunda), falecida no ano passado, ressaltando que Gonzagão tinha uma preocupação de pai com as irmãs e sobrinhas: “Ele chegava e ficava reclamando do cabelo de uma, da roupa da outra. Sempre esteve presente”, continua Ana Lídia, que recebeu a reportagem do Jornal do Commercio na casa, simples, mas espaçosa confortável, que Gonzagão deu de presente à sua mãe. No quintal, com ela estão irmãos primos, filhos e sobrinhos.

O clã Gonzaga assemelha-se a uma tribo de índios longe do seu lugar de origem. Apega-se ao idioma e à tradição para não perder a identidade. A tradição dos Gonzaga está presente por toda parte da casa: dos panelões onde mãe Santana (como a avó é chamada) preparava os almoços dominicais do clã a uma placa Rua Zé Gonzaga, na parece do alpendre da casa, lembrança do tio, falecido em 2002, que foi também cantor famoso. No entanto produtores culturais, autoridades competentes, nunca se lembram deste lado A que virou lado B quando homenageiam o Rei do Baião.

Ninguém do clã foi, por exemplo, convidado nem sequer para assistir ao desfile das escolas de samba no Carnaval deste ano. Viram pela TV a Unidos da Tijuca vencedora do carnaval 2012, tendo como tema o tio Gonzagão: “Para mim aquilo não foi homenagem a tio Gonzaga, foi mais ao Nordeste, a Vitalino”, comenta Ana Lídia. Assim como não foram lembrados no Carnaval, tampouco o foram pela produção do filme Luiz Gonzaga de pai para filho, de Breno Silveira, que teve avant-première no Festival do Rio, no Cine Odeon, e tem estreia nacional na sexta-feira.

É como se existissem duas famílias Gonzaga. A da Baixada Fluminense, e a da Zona Sul Carioca, formada pelos filhos de Gonzaguinha: “Não tenho contato com Daniel, nem com as irmãs dele. O próprio Gonzaguinha vinha pouco aqui. Aparecia mais quando Gonzaga estava.Agora este filme ninguém da família viu. Eu nem sabia da estreia, não fomos convidados. Eu gosto de ir a eventos que tenham a ver com tio Gonzaga, mas só quando sou chamada. Este ano fui muito nas escolas (ela já foi professora), fizeram muita homenagem a tio Gonzaga”.

A opinião de Ana Lídia sobre o filme é mais ou menos um não vi e não gostei: “Pelo pouco que assisti na TV, pelo que contou Joquinha, meu irmão, que viu no Recife, me parece meio fantasioso. Tem coisas que não aconteceram. Eles não vieram aqui, portanto perderam de saber a verdadeira história”, arremata.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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